sexta-feira, 25 de julho de 2008

ENTREVISTA NO SITE RESENHANDO

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ENTREVISTA NO SITE RESENHANDO


"A leitura é vital para o indivíduo e para os povos. Um povo sem leitura é um povo subjugado." - Marcelino Rodriguez

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em abril de 2005



Marcelino Rodriguez, é um escritor hispano-brasileiro, de 38 anos. Poeta e escritor desde a adolescência, publicou o primeiro poema em 1986, na Shogun Arte editora, do casal Paulo Coelho e Cristina Oiticica.

Em 1996, lançou o livro de crônicas o “Observador de Pardais” e estréia como cronista. Na seqüência foram os títulos: "O Espião de Jesus Cristo" 1999, "Juvenília" 2000, "Café Brasil" 2001, "A Ilha" 2001, "Boneco de Deus" 2002, "Mar, Romântico Mar" 2002, prêmio Pérgula Literária Internacional e Ação Cultural.

Em 2000 tornou-se editor da Luz do Milênio Editora. Em janeiro de 2004 viajou e residiu na Argentina por dois meses. Portador de dupla nacionalidade, esse é Marcelino, um hispano-brasileiro.



RESENHANDO - Qual o sentimento de ter um livro publicado?
MARCELINO - Bem, eu sempre editei de forma independente, por editoras cooperativadas, em que o autor paga a edição. Meu primeiro livro solo foi em 1996, O Observador de Pardais. Em 2000, fundei a Luz do Milênio Editora e passei a usar sua chancela. Mas as grandes editoras ainda não tive muita paciência de ficar esperando. Preciso produzir para sobreviver física e psicologicamente. Não é preciso dizer, acho, que escritor sofre um bocado até poder andar sobre as palmeiras...


RESENHANDO - Há quanto tempo está produzindo esta obra?
MARCELINO – Boa pergunta. Em Janeiro de 2004, não tendo condições nem financeiras nem morais de permanecer no Brasil naquele momento, oficializei minha cidadania espanhola e fui para a Argentina, Córdoba. Alguns textos, escrevi ainda no Brasil e se pode perceber o exílio e a solidão do período no ano de 2003. Com os textos escritos na Argentina e mais os que escrevi ao retornar, em março de 2004 até fevereiro desse ano, posso dizer que foram dois anos de tempo convencional. Bom Dia, Espanha! é meu livro mais importante, mais lúcido, onde assumo de forma obstinada minha hispanidade, mais ainda do que a condição européia, porque a língua e os costumes de Espanha estão em toda a outra parte da América-Latina. Inicialmente , em 2001, programei uma
viagem a Cuba que acabou não saindo. Em 2004, enfim, cumpri o destino que estava no sangue e tive que me acertar com o espanhol que há em mim. A Argentina foi uma revelação. Hoje, compreendo que a verdadeira cidadania é sanguínea, pois não importa a terra em que vamos nascer. Importa antes essa que temos geneticamente e vai nos dar o corpo, elementos psicológicos, insights ancestrais, etc. Demorei muito tempo para perceber o óbvio. Ou seja, que eu sou um híbrido. Em qualquer país de língua espanhola sinto-me em casa. Uma colega ítalo-boliviana, descreveu sua condição de híbrida da seguinte maneira: "Não me sinto nem completamente
italiana nem completamente boliviana. Me sinto um ser híbrido, cidadã do mundo, estrangeira em toda parte". Na verdade, nós híbridos somos muito sensíveis. Essa obra então, finalizando, posso dizer que foi uma obra de revelação de vida. Assim que nasci com ela e por ela.


RESENHANDO - Fale sobre o livro que escreveu.
MARCELINO – É um livro autoral que acaba sendo universal pelos acontecimentos em Madri e pelo arquétipo de um artista perdido em busca de um porto e de um filho de imigrante buscando uma pátria.


RESENHANDO - Qual o estilo da sua obra? Porque?
MARCELINO – Minha obra é autoral, na maioria das vezes. Muitas vezes foi autobiográfica. Até ingenuamente de minha parte. Um livro de poesia em que há grandes momentos... É uma obra que tem lampejos, muita sensibilidade, humor, muita vida... Para o que a vida me deu como infra-estrutura e a maneira precária da troca cultural no Brasil, posso dizer que fui muitas vezes heróico. Espero daqui por diante com mais recursos e reconhecimento, com mais apoio, ter mais zelo com minha literatura.


RESENHANDO - Como e quando começou a escrever? O que escrevia? Por que?
MARCELINO - Comecei na adolescência, por volta dos 17, 18 anos escrevia poesia basicamente. Aliás, virei escritor além de poeta porque percebi que não sobreviveria com lirismo apenas. Quem me abriu as portas da revelação foi meu colega Jose Enokibara, um poeta independente muito bom. Pouco divulgado, infelizmente. A partir de lê-lo, descobri que era poeta. Foi meu primeiro ídolo.



RESENHANDO - Quais as dificuldades encontradas para publicar a primeira obra?
MARCELINO - Se o autor tiver algum dinheiro, ele pode pagar a edição como fazem quase todos os escritores. Sem essa condição, ele terá que tentar o mercado convencional que é pedreira. Mas a regra quase geral é o início alternativo e independente.


RESENHANDO - Para ler, qual o seu estilo preferido?
MARCELINO - Eu escrevi uma crônica sobre o Nilton Bonder em que falo que meu conceito de literatura seria a arte de interpretar O absoluto via palavras. Sendo assim, gosto dos leitores metafísicos, místicos, autores, que além do lado estético me tragam mais conhecimento. Na verdade, a condição espiritual da vida é que sempre busquei entender. Acho que todo livro deve acrescentar algo na alma do leitor. Meu estilo preferido são relatos das descobertas que os autores fazem com a alma. "Gosto de livros escritos com sangue", dizia Niesztche. É por ai.


RESENHANDO - Há alguma obra em especial que tenha marcado um momento importante da sua vida? Qual? Por que?
MARCELINO - Sim. Claro. Shopenhauer, com As Dores do Mundo, Niesztche com Assim Falou Zaratustra, na adolescência, mais tarde um pouco, Fernando Pessoa, Paulo Coelho com o Diário de um Mago e Nilton Bonder com Portais Secretos, livro que li seis vezes. Foram obras que me mudaram.


RESENHANDO - Na sua opinião, há interferência entre o que o escritor vive com o que escreve? Porque?
MARCELINO - Entendo que sim. Todo livro é, em algum nível, autobiográfico.

RESENHANDO - Na sua opinião é real o incentivo à leitura que tanto se comenta? O que acha da ação concreta do governo federal sobre a lei que desonerou o livro do PIS/Confins?
MARCELINO - Não. É demagógico “os incentivos”. Tanto assim que não há programas televisivos que abordem a questão da informação e cidadania. A leitura é vital para o indivíduo e para os povos. Um povo sem leitura é um povo subjugado. Deve-se trabalhar no ensino fundamental e no médio. Principalmente. A leitura forma cidadãos e valores. O jovem chega no Brasil as universidades sem nenhum senso de cidadania e patriotismo, então vemos juizes, médicos, advogados e outros seres de ”nivel superior”, sem um mínimo caráter. Quanto a lei , é boa. A questão é ver se vai funcionar.


RESENHANDO - Que nomes da literatura lhe influenciaram na escrita?
MARCELINO - Muita gente. Jorge Amado. Jorge Luis Borges. Fernando Pessoa. Drummond. Cecília Meirelles. Mário Quintana. Paulo Coelho. Nilton Bonder. Os cronistas. Etc.


RESENHANDO - Você acha que o avanço tecnológico, como por exemplo, o computador e a internet, estão afastando as pessoas dos livros?
MARCELINO - Não. Pelo contrário. Está fazendo as pessoas escreverem, se comunicarem através de blogs. A internet pra mim, é a maior invenção humana.


RESENHANDO - Qual a importância do incentivo à leitura para o público infantil?
MARCELINO - Vital. Não dar livros as crianças é um crime ideológico contra a natureza humana.


RESENHANDO - O que a literatura representa em sua vida?
MARCELINO - Parte substancial da minha vida, já que vivo de acordo com minhas idéias.


RESENHANDO - Quais as suas perspectivas no universo editorial?
MARCELINO - Ter garantida a minha sobrevivência como autor e contribuir com livros que tornem a vida mais leve. “Bom Dia, Espanha” já foi uma escolha estética.




PING-PONG:

Cidade que nasceu: Rio de Janeiro. Espanhol por ascendência paterna. Meu pai era da Galicia.
Ano de nascimento: 1966. Dia 27 de agosto – sob o signo de virgem.
Gosto de: Gente responsável.
Detesto: O oposto.
Vivo por: Modo espiritual. Penso sempre na questão da possível eternidade de tudo.
Meus escritores favoritos são: Nilton Bonder, Paulo Coelho, Gabriel Garcia Marques. Graciliano Ramos.
Escrevo por: Necessidade. Vocação.
Mensagem para o público que irá conferir a sua obra: Foi escrita com uma paixão nobre em que procurei sempre dar o melhor. Bom Dia, Espanha é a metáfora da minha condição humana.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A Fama da Margem, A Margem da Fama

A FAMA DA MARGEM, A MARGEM DA FAMA

Marcelino Rodriguez


"Ei, esse aqui sou eu!" . Foi o que pensei enquanto folheava um dos capítulos de "O Mago", um livro maravilhoso sobre um personagem não menos singular, Paulo Coelho. E quem se der ao trabalho de ir lá conferir verá que sou eu mesmo, "O poeta Marcelino Rodriguez". Se eu pudesse interferir no que sai de mim por ai, só não gosto de ser chamado de poeta; prefiro escritor! ai cabe bem. São vinte e dois anos de carreira, literalmente. Inicialmente busquei a fama, mas depois vi que a fama é ilusória. Quem não estiver preparado para o sucesso terá que lidar com raposas de todo tipo, inclusive com as " belas mulheres e os grandes amigos e os inimigos verdadeiros. " Na minha carreira construida à margem até hoje, aprendi lições duras de combate. E curiosamente fiquei avesso a fama, embora ela sempre estivesse rodeando-me e de vez em quando me sorri sorrateira nas livrarias, nos sites, nos sebos, em comentários esparsos de leitores. Sei que bastaria eu pisar o acelerador e lá estou eu exposto como um outtdor. Que graça tem ser famoso? Melhor que nos descubram - raridade das raridades - sem propaganda. Será possível? Será que um dia as pessoas serão valorizadas pelo que são, por serem apenas gente? Eta pobre mundo rico ou rico mundo pobre. Na margem já ouvi de tudo, fiz poemas lindos pra mulheres vagabundas, fui abandonado nas noites mais frias e o silêncio tocou sua música nos ares e no tempo eterno. Não busco o sucesso; ele já está aqui, na minha integridade de não vaidoso! E a fama ali, sempre me cantando... sereia cínica... Eu aguentaria a ferocidade do mercado? A falta de privacidade? A inveja sorrateira? Os golpes baixos mais do que eu alcançaria a baixeza? Inicialmente um diabinho cantou: "processa esse cara, você tá duro". Logo depois o anjo sorriu: "de uma maneira misteriosa, são seus amigos; estão lhe ajudando". E lembrei-me que usei a foto do Paulo em um livro meu com a permissão dele há muitos anos! Para mim ser escritor não tem estrelismo nenhum! È apenas uma maneira de exercer a cidadania. Porém, que eu gostaria que certa mulher que disse-me textualmente uma vez que não queria o "nome dela" no livro de um escritorzinho (eu, hehe) qualquer lesse esse capítulo eu gostaria. Será que ela teria o briho que tive nos olhos? De criança que vê um desenho animado? Por certo que não. Sim, fui citado com muita honra pelo grande Fernando Morais!numa biografia de importância mundial. È pra ficar besta né? Eu que tem gente que corre do autor "quase famoso" e que às vezes não vende dois livros por mês. Claro, entre os dois eu sou apenas um peixinho, mas que nadando com humildade, vai também, Achando com justeza e sem perigo de submersão seu lugar nas àguas do grande mar da vida. A citação num livro e em autor e assunto de tal envergadura só enobrece duas décadas de trabalho honesto, embora muitas vezes a margem, onde as palavras duras, a indiferença, o vento frio e a solidão só são suportáveis quando o anjo da verdade farfalha suas asas. Obrigado, Fernando; obrigado, Paulo. Sinto que minhas palavras e meu trabalho chegam para quem tem que chegar, na hora que tem que chegar, do jeito que tem que chegar!Há belas paisagens nas margens e nas periferias, pena que o que não falta é gente distraída de milagres. Jamais esquecerei que um dia fui ler tanto um livro que mais queria e eis que eu também era personagem. 21.07.2008

sábado, 5 de janeiro de 2008

Memória

MEMORIA

Hã muitos anos atras um velho e um menino davam de comer aos pombos numa praça do centro da cidade, alheios a civilizaçao, com o milho comprado pelo velho. Os pombos, as dezenas, faziam a festa. O velho ria, apontando os mais afoitos. - OLha aquele ali, vejam como eles gostam. O menino observava, concentrado, o divertimento do velho e dos pombos, jogando tambem vez ou outra um punhado de milho. Tudo muito singelo, natural. Apenas a praça, o velho, o menino e os pombos resumiam a paz das galaxias. Hoje, o menino, unico sobrevivente relembra aquela cena poetica e pacifica, pensando que nunca mais teve um dia daquele. O velho morreu, assim como todos aqueles pombos. Ficou apenas a cena na memõria do sobrevivente. O velho era meu pai. Eu era o menino.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Bom Dia, Espanha!

Bom Dia, Espanha! Marcelino Rodriguez Hoje acordei pensando em fazer um poema sobre como forçar-se, por uma questao de sobrevivência, a ter esperanças. Caminhava pela rua Javier Dias, numa provincia qualquer da Argentina. As barbas por fazer, a pouca vontade de tomar banho, o dinheiro acabando em parte, outra parte na mao de terceiros sem responsabilidade. Praticamente sem vìnculos de afeto familiar, tornando-me aos poucos um cètico no que se diz amor entre os humanos, hibrido de dois passaportes, sofrendo a risada cìnica das pessoas quando digo que sou escritor, com intençoes blasfematórias contra Deus, que nao me deu absolutamente nada que fosse duradouro ou valesse a pena. Aqui onde estou e donde sai, ningue`m que tenha lido Rimbaud ou se emocionado com a tragica vida de Van Gogh. Estou so`, verdadeiramente. E pensava fazer um poema "eu te forçarei, esperança". Meu mundo nao tem paralelas. Às vezes dòi o sentimento de inutilidade. Tornei-me praticamente invìsivel de alma. Talvez esteja vivendo para os sèculos futuros, ou para nada. Talvez eu seja realmente muito pequeno, insignificante e nao mereça mais do que tenho -´sequer um canto para envergonhar-me sem que ninguèm me veja. Estou exposto. Se continua assim logo estarei pedindo as gentes: - "posso viver"? . Manha cinzenta. Sem sol, sem vento, sem chuva. Debruço-me sobre o correo eletronico e vou lendo a tristeza das gentes de todo o mundo sobre o atentado sobre os trens em Madri. Em algum momento, arrepio-me. Eu sou Espanhol. E`linda a Espanha e dòi-me. A Espanha è minha, mas por que esta`tao distante? Por que tudo està tao distante? A verdade e`que estou confuso, chorei um pouco. Perdoem-me. Ainda sou capaz de sentir e parece que neste cavalo eu vou sozinho (talvez por uma razao cínica) inventar a esperança. Morrer por isso. Melhor que por nada. Bom Dia, Espanha! Resistiremos. 11.03.2004

Bom Dia, Espanha!

Blog do Livro do escritor Marcelino Rodriguez Janeiro, 2008