sábado, 5 de janeiro de 2008

Memória

MEMORIA

Hã muitos anos atras um velho e um menino davam de comer aos pombos numa praça do centro da cidade, alheios a civilizaçao, com o milho comprado pelo velho. Os pombos, as dezenas, faziam a festa. O velho ria, apontando os mais afoitos. - OLha aquele ali, vejam como eles gostam. O menino observava, concentrado, o divertimento do velho e dos pombos, jogando tambem vez ou outra um punhado de milho. Tudo muito singelo, natural. Apenas a praça, o velho, o menino e os pombos resumiam a paz das galaxias. Hoje, o menino, unico sobrevivente relembra aquela cena poetica e pacifica, pensando que nunca mais teve um dia daquele. O velho morreu, assim como todos aqueles pombos. Ficou apenas a cena na memõria do sobrevivente. O velho era meu pai. Eu era o menino.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Bom Dia, Espanha!

Bom Dia, Espanha! Marcelino Rodriguez Hoje acordei pensando em fazer um poema sobre como forçar-se, por uma questao de sobrevivência, a ter esperanças. Caminhava pela rua Javier Dias, numa provincia qualquer da Argentina. As barbas por fazer, a pouca vontade de tomar banho, o dinheiro acabando em parte, outra parte na mao de terceiros sem responsabilidade. Praticamente sem vìnculos de afeto familiar, tornando-me aos poucos um cètico no que se diz amor entre os humanos, hibrido de dois passaportes, sofrendo a risada cìnica das pessoas quando digo que sou escritor, com intençoes blasfematórias contra Deus, que nao me deu absolutamente nada que fosse duradouro ou valesse a pena. Aqui onde estou e donde sai, ningue`m que tenha lido Rimbaud ou se emocionado com a tragica vida de Van Gogh. Estou so`, verdadeiramente. E pensava fazer um poema "eu te forçarei, esperança". Meu mundo nao tem paralelas. Às vezes dòi o sentimento de inutilidade. Tornei-me praticamente invìsivel de alma. Talvez esteja vivendo para os sèculos futuros, ou para nada. Talvez eu seja realmente muito pequeno, insignificante e nao mereça mais do que tenho -´sequer um canto para envergonhar-me sem que ninguèm me veja. Estou exposto. Se continua assim logo estarei pedindo as gentes: - "posso viver"? . Manha cinzenta. Sem sol, sem vento, sem chuva. Debruço-me sobre o correo eletronico e vou lendo a tristeza das gentes de todo o mundo sobre o atentado sobre os trens em Madri. Em algum momento, arrepio-me. Eu sou Espanhol. E`linda a Espanha e dòi-me. A Espanha è minha, mas por que esta`tao distante? Por que tudo està tao distante? A verdade e`que estou confuso, chorei um pouco. Perdoem-me. Ainda sou capaz de sentir e parece que neste cavalo eu vou sozinho (talvez por uma razao cínica) inventar a esperança. Morrer por isso. Melhor que por nada. Bom Dia, Espanha! Resistiremos. 11.03.2004

Bom Dia, Espanha!

Blog do Livro do escritor Marcelino Rodriguez Janeiro, 2008